Pesquisar este blog

segunda-feira, 1 de junho de 2020

ATIVIDADE PARA AS TURMAS DE 1° ANO- PROF. AMARAL

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

O texto a seguir foi extraído de um artigo do filósofo brasileiro Renato Janine Ribeiro (1949-), professor de Ética e Filosofia polícia.

Em Filosofia não se pode dizer que um sistema de pensamento seja refutado, superado ou substituído. Evidentemente, isso ocorrerá se o sistema for mal elaborado. Mas, daquelas dezenas de grandes ou melhores sistemas filosóficos de que dispomos, ao longo de 2.500 anos, não cabe dizer que nenhum tenha sido refutado, superado ou substituído. Cada um desses sistemas — se partirmos de suas regras próprias, dos postulados e da sintaxe que estabeleceram para a dedução e a derivação de suas proposições — tem uma coerência que não pode ser desmentida.[...] se eu tomar, por exemplo, Descartes, se, como ele, partir da dúvida metódica, que culmina em duvidar de tudo que há no mundo, e assim seguir o seu itinerário, não caberá refutá-lo. Posso, está claro, discordar. Posso, por exemplo, dizer que a opção cartesiana depõe excessiva ênfase no indivíduo, no eu que examina a si próprio. Posso até articular isso com determinado momento histórico, de avanço do individualismo, do capitalismo [...]. Posso [...] ligar a Filosofia cartesiana à dominação sobre o mundo e à construção da tecnologia, uma vez que Descartes — como seu contemporâneo Francis Bacon — pretende que a ciência faça de nós senhores e donos do mundo. Todas estas críticas posso emitir. [...] Mas nada disso significa uma refutação do sistema, porque este subsiste: tem seus pontos de partida, tem sua sintaxe, ou suas regras de derivação ou colocação em seqüência das proposições.

Já isto distingue a Filosofia e as ciências. De um modo ou outro, elas têm alguma crença, ainda que mitigada, em alguma forma de progresso. Pode ser o caso das ciências ditas exatas, que vão deletando os "erros do passado", e das quais a imagem que se tem é mais do seu último resultado [...] . 
[...]

Em suma, há na Filosofia novos sistemas que surgem, mas esses sistemas não implicam que um sistema anterior tenha sido refutado. Então, há uma espécie de validade, digamos, epistemológica, ou simplesmente simultânea, de todos os sistemas. Isso traz certas conseqüências, e alguns problemas sérios. Por exemplo, para nós a história de nossa disciplina se reveste de uma importância que para nenhuma ciência terá a respectiva história. Considero importante, nas ciências humanas, estudar-se a própria história. Mas na Filosofia isso é decisivo. O risco é óbvio: transformar-nos em sacerdotes de tal ou qual filósofo. E passarmos a vida cultuando tal autor.[...] Mas, salvo esse excesso indesejável, há validade na freqüentação dos clássicos, por continuarem contribuindo para a compreensão das coisas do mundo.

Questões
1 . Procure em um dicionário o significado das palavras do texto que você desconhece. Releia o texto e verifique se sua compreensão do texto mudou.

2 . Para Renato Janine Ribeiro, qual é a importância do estudo da história da Filosofia? E qual é o risco?

3 . Leia a última frase do texto. Você concorda com a afirmação do autor ou discorda ? Por quê?

Vasconcelos, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano : filosofia: ensino médio,volume único/José Antônio Vasconcelos. 1. ed. - São Paulo: Edições SM,2016. - (Reflexões : filosofia e cotidiano). p. 81.

Nenhum comentário:

Postar um comentário