3º A, B,C,D e AI
O SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS HUMANAS
“AS CIÊNCIAS HUMANAS Com Copérnico, o
homem deixou de estar no centro do universo. Com Darwin, o homem deixou de ser
o centro do reino animal. Com Marx, o homem deixou de ser o centro da história
(que, aliás, não possui um centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de
si mesmo”. (Eduardo Prado Coelho)
Esta citação aparece no prefácio de Estruturalismo; antologia
de textos teóricos. Lisboa, Portugália Ed. p. XXXVIII. Refere-se a uma análise
feita por Freud e retomada por Foucault e Althusser.
Filosofando introdução à filosofia editora moderna Maria
Lúcia de Arruda Aranha Professora da Escola Nossa Senhora das Graças (São
Paulo) MARIA HELENA PIRES MARTINS Professora da Escola de Comunicação e Artes
da USP 2ª edição revista e atualizada.
Introdução
1. A partir do século XVII dá-se o desenvolvimento das
ciências da natureza (física, química, biologia), com a aplicação do método
experimental. Estabelecido o ideal de cientificidade, ou seja, aceitos os
princípios da experimentação e da matematização como fundamentais para o método
científico, como ficam as aspirações das ciências humanas de se constituírem
como tal? Ora, quando estudamos Descartes (Teoria do conhecimento na Idade
Moderna), vimos que o seu pensamento desemboca no dualismo psicofísico. Se você
se lembra bem, para Descartes o homem é constituído por duas substâncias: uma
de natureza espiritual, a substância pensante (a res cogitans), e outra de
natureza material, a substância extensa (a res extensa). Só esta última pode
ser objeto das ciências da natureza, que mecanicamente explicam o funcionamento
da "máquina" do corpo. Mas a substância pensante, lugar da liberdade,
só poderia ser objeto da reflexão filosófica. Vimos também que a corrente
empirista, representada por Locke e derivada do pensamento de Descartes, opunha-se
ao racionalismo cartesiano, preocupando-se também com os processos mentais e
corporais. Ao especularem a respeito da natureza dos mecanismos e processos
fisiológicos que constituem a base de fenômenos como a percepção e a
recordação, os empiristas estabelecem cem os antecedentes das pesquisas que
serão feitas pela medicina do século XIX sobre o fundamento biológico dos
fenômenos mentais. A influência empirista serve de fundamento à tendência
naturalista que tem por objetivo adequar o método das ciências da natureza às
ciências humanas. A esta se contrapõe a tendência humanista, que, preocupada
com a especificidade dos fenômenos humanos, busca um método diferente daqueles
usados até então. Mesmo que as ciências humanas tenham começado a surgir no final
do século XIX, até hoje enfrentam problemas na tentativa de estabelecer o
método adequado à compreensão do comportamento humano. Além disso, as ciências
humanas encontram-se também diante de um novo conceito de homem, ferido em seu
narcisismo. A epígrafe do capítulo refere-se ao tema clássico das "feridas
narcísicas” levantadas pela primeira vez por Freud e objeto de reflexão do
filósofo francês Michel Foucault. Se lembrarmos de que o Iluminismo exalta a
razão humana como capaz de entender e dominar a natureza, compreende-se o
profundo mal-estar expresso naquela afirmação inicial. O que se discute aí não
é apenas o método das ciências humanas, mas o próprio conceito de ciência, que
será questionado no nosso século. Vejamos os antecedentes desses problemas,
desde o século XVII.
2. Dificuldades metodológicas das ciências humanas Enquanto
todas as outras ciências têm como objeto algo que se encontra fora do sujeito
cognoscente, as ciências humanas têm como objeto o próprio ser que conhece. Daí
ser possível imaginar as dificuldades da economia, da sociologia, da
psicologia, da geografia humana, da história para estudar com objetividade
aquilo que diz respeito ao próprio homem tão diretamente.
Vejamos quais são as dificuldades enfrentadas pelas ciências
humanas. A complexidade inerente aos fenômenos humanos sejam psíquicos, sociais
ou econômicos, resiste às tentativas de simplificação. Em física, por exemplo,
ao estudar as condições de pressão, volume e temperatura, é possível
simplificar o fenômeno tornando constante um desses fatores. O comportamento
humano, entretanto, resulta de múltiplas influências como hereditariedade,
meio, impulsos, desejos, memória, bem como da ação da consciência e da vontade,
o que o torna um fenômeno extremamente complexo. Para refletir:
Você
· Já pensou o que significa avaliar a
decisão de votos dos cidadãos numa eleição presidencial?
· Já procurar explicar o fenômeno do
linchamento ou da vaia?
· Já examinou as causas que determinam
a escolha da profissão?
Outra dificuldade da metodologia das ciências humanas
encontra-se na experimentação. Isso não significa que ela seja impossível, mas
é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos
humanos. Além disso, a natureza artificial dos experimentos controlados em
laboratório podem falsear os resultados. A motivação dos sujeitos também é
variável, e as instruções do experimentador podem ser interpretadas de maneiras
diferentes. Da mesma forma, a repetição do fenômeno altera os efeitos, pois
nunca uma repetição se fará sem modificações, já que, para o homem, enquanto
ser consciente e afetivo, a situação sempre será vivida de maneiras diferentes.
Certos experimentos oferecem restrições de caráter moral, já
que não se pode submeter o ser humano, indiscriminadamente, a experiências que
arrisquem sua integridade física, psíquica ou moral. Por exemplo:
•
As
reações de pânico num grupo de pessoas presas numa sala em chamas.
•
As
relações entre a superpopulação num condomínio;
•
A
variação do índice de violência...
Só podem ser objeto de
apreciação eventual, quando ocorrerem acidentes desse tipo. Jamais poderiam ser
provocados. Também é preciso saber o que será observado: se o comportamento
externo do indivíduo ou grupo, ou apenas o relato do que sentiram. Essa
técnica, chamada introspecção (olhar para dentro), pode ser falseada pelo
indivíduo voluntariamente, quando mente, ou involuntariamente, por motivos que
precisariam ser detectados. Por isso, mesmo que a introspecção seja usada, há
quem a considere uma abordagem inadequada. Outra questão refere-se à
matematização. Se a passagem da física aristotélica para a física clássica de
Galileu se deu pela transformação das qualidades em quantidades, pode-se
concluir que a ciência será tão rigorosa quanto mais for matematizável. Ora,
esse ideal é problemático com relação às ciências humanas, cujos fenômenos são
essencialmente qualitativos. Por isso, quando é possível aplicar a matemática,
são utilizadas técnicas estatísticas e os resultados são sempre aproximativos e
sujeitos a interpretação. Resta ainda a dificuldade decorrente da
subjetividade. As ciências da natureza aspiram à objetividade, que consiste na
descentração do eu no processo de conhecer, na capacidade de lançar hipóteses
verificáveis por todos, mediante instrumentos de controle; e na descentração
das emoções e da própria subjetividade do cientista. Mas, se o sujeito que
conhece é da mesma natureza do objeto conhecido, parece ser difícil a superação
da subjetividade. Imagine como analisar o medo, sendo o próprio analista uma
pessoa sujeita ao medo; ou interpretar a história, estando situado numa dada
perspectiva histórica; ou analisar a família, fazendo parte de uma; ou ser
economista, vivendo num sistema econômico e de um sistema econômico... Por fim, se a ciência supõe o determinismo - ou seja, o pressuposto de que na
natureza tudo que existe tem uma causa como fica a questão da liberdade humana?
Por haver regularidades na natureza, é possível estabelecer leis e por meio
delas prever a incidência de um determinado fenômeno. Mas como isso seria
possível, se admitíssemos a liberdade do homem? E caso ele esteja realmente
submetido a determinismos, seria da mesma forma e intensidade que para os seres
inertes? Tais dificuldades foram levantadas não com a intenção de mostrar que
as ciências humanas são inviáveis, pois elas aí estão procurando o seu espaço.
Quisemos apenas acentuar as diferenças de natureza e os problemas que têm
encontrado até o momento. Veremos que a maneira de enfrentá-los tem determinado
o tipo de metodologia que as caracteriza. Ou seja, o método utilizado depende
de certa forma, dos pressupostos filosóficos que embasam a visão de mundo do
cientista.
Vejamos
as Tendência Naturalista:
O positivismo
A psicologia experimental
A psico física na Alemanha
A escola russa: Pavlov
A psicologia comportamentalista norte
–americana
Tendência
Humanista. A crítica ao positivismo:
A fenomenologia
A Gestalt e a fenomenologia A Gestalt
(ou psicologia)
A psicanálise
Pesquise as
Tendências Naturalistas e Tendências Humanistas e separe no quadro comparativo
abaixo:
a coisa (realidade objetiva) / uma consciência (doadora de
sentido) -- fatos descritos em sua aparência sensório - motora e espirituais /
valorização do vivido, dos conteúdos anímicos -- ênfase na natureza orgânica
dos fenômenos psíquicos / o homem é um ser -no-mundo -- associacionismo / noção
de estrutura (percepção do todo) -- atomismo (sensação, percepção, ideia) /
totalidade (não é a soma dos elementos) -- mecanicismo (o comportamento se
explica pela relação causa -efeito / todo comportamento existe num contexto que
deve ser interpretado -- explicação legal (por leis) e quantitativa
(matematizável) / compreensão- por tipo qualitativo ou modelos ideais --
aceitação só do que pode ser verificado experimentalmente / aceitação de
pressupostos não -verificáveis experimentalmente (por exemplo, a hipótese do
inconsciente) -- limitação do método das ciências da natureza / procura do
método próprio das ciências do homem -- técnicas reflexológicas que alteram os
sintomas / o "sintoma" é um "símbolo" (é preciso procurar o
que ele significa)
Tendência Naturalista Tendência
Humanista