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terça-feira, 31 de março de 2020

Atividade para as turmas de 3º Ano - Regular e Integral



O que os filósofos diriam sobre estes tempos de Coronavírus?

O texto que segue tem um pouco de humor, mas faz parte da dinâmica escolar.


Arzírio Cardoso é professor em Campo Largo, Paraná, e escritor.

PLATÃO Fiquem na caverna, porra!

FRIEDRICH NIETZCHE Fique em casa, por mais difícil que seja suportar sua própria presença.

 RENÉ DESCARTES Habito, ergo sum.

HEGEL Tese: fique em casa; Antítese: fique em casa; Síntese: fique em casa.

HERÁCLITO Não se pega duas vezes o mesmo vírus, na segunda vez o vírus e você já são outros.

JEAN JACQUES ROUSSEAU O homem é bom por natureza, mas o vírus o corrompe.

ARISTÓTELES O vírus está apenas cumprindo seu papel no Cosmos ao infectar corpos.

SANTO AGOSTINHO A medida de amar é amar longe.

 SÃO FRANCISCO DE ASSIS Onde houver vírus, que eu leve álcool em gel.

PITÁGORAS O vírus é a medida de todas as coisas.

HANNAH ARENDT Para o vírus, matar é uma tarefa banal e cotidiana.

IMMANUEL KANT Duas coisas me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado lá fora e eu aqui dentro.

SIGMUND FREUD O vírus dá plena vazão a suas pulsões reprodutivas porque não é reprimido sexualmente, na infância, pela civilização.

LUDWIG WITTGENSTEIN Aquilo que não se pode contrair, não se pode transmitir.

JACQUES DERRIDA O objetivo de todo vírus deve ser a desconstrução do corpo infectado.

 ZYGMUNT BAUMAN A maior evidência da sociedade líquida é sua dependência do álcool.

 VILÉM FLUSSER O DNA do vírus não pode ser decodificado porque a escrita acabou.

MICHEL FOUCAULT Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo são o que podemos chamar vírus. 
WALTER BENJAMIN A reprodutibilidade excessiva e sem freios do vírus traz como consequência a perda de sua aura de sacralidade.

SIMONE DE BEAUVOIR Não se nasce infectado, se torna infectado.

JEAN PAUL SARTRE Nada a retificar, o inferno são os outros.

KARL MARX Trabalhadores do mundo, afastai-vos.

OLAVO DE CARVALHO O vírus é um idiota, eu sou um idiota. Na verdade nem sei o que estou fazendo aqui nesta lista, nunca fui filósofos.

CRISTO Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei!


ENTREVISTA
“Podemos tirar grandes lições de convivência solidária da pandemia do coronavírus”, diz Mario Sergio Cortella

Filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário fala sobre como podemos encarar a pandemia e avançar como sociedade, assim como outros países fizeram no século passado.
28/03/2020 - 14h00 - Atualizada em: 28/03/2020 - 14h17-Por Everton Siemann

Aos 66 anos, Mário Sergio Cortella é um dos grandes pensadores do Brasil. Filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário, o paranaense move multidões nos eventos em que é convocado e descreve como poucos o jeito de pensar e agir das pessoas, a partir dos 45 anos de experiência no mundo acadêmico.
Por telefone, ele atendeu a reportagem na manhã da última terça-feira. Com a calma e o bom-humo tradicional, respondeu às perguntas, falou sobre o egoísmo, o caráter (ou até mesmo a falta deles para muitas pessoas), o distanciamento social, os relacionamentos interpessoais e viajou no tempo e buscou fatos históricos para tentar contextualizar o momento inédito que atravessamos com o coronavírus. Num misto de esperança e desconfiança, vê uma possibilidade de crescermos como sociedade a partir da pandemia:
– Não é que eu tenho uma expectativa pessimista, mas acho que é necessário que a gente aprenda de vários modos, nos vários tempos e aí nós vamos seguindo até um outro momento – diz ao relembrar de casos como Japão e Alemanha, no século passado.
Questionado sobre os boatos e fake news que circulam em meio ao pânico das pessoas por conta do novo vírus, o filósofo foi duro com quem cria ou dissemina boatos:
“O vírus por si mesmo já é suficiente para nos ameaçar, para nos assustar, para nos colocar em estado de absoluta atenção. Por isso, evite acrescentar ao vírus mais esse malefício. Em última instância, não seja parceira ou parceiro do vírus.”
Ao final da entrevista, revelou ter laços com Santa Catarina: a filha dele e os netos vivem em Florianópolis, em uma das praias do Sul da Ilha. Sobre a proibição de ir à praia, por conta do isolamento social, o cientista brincou com a temperatura das águas:
– Proibir a ida às praias agora em Santa Catarina é só uma medida cautelar. Já deveriam ter sido antes, por conta das águas geladas.
Confira na entrevista a seguir o que mais disse Cortella:
Sob o aspecto da filosofia, o que a pandemia do coronavírus pode nos ensinar?
Primeiro mostrar a nossa pequenez. Isto é, o quanto, que apesar de toda a nossa capacidade, nossa autoimagem, nossa percepção, nós termos clareza em relação ao quanto a nossa fragilidade humana é expressiva. É uma lição de humildade em ralação àquilo que a gente não sabe, e também em relação ao poder que a gente imagina ter. Em segundo lugar, a outra lição grande que a filosofia nos dá é a importância de nós percebermos também que a união das nossas capacidades pode nos permitir lidar com aquilo que parece invencível. Embora nesse momento, sem dúvida, a gente tenha a agonia imensa de não ter ainda uma perspectiva mais nítida de solução, ainda assim nós coletivamente ainda não desistimos. Então, de um lado a gente a lição da humildade em relação ao nosso lugar na vida coletiva, e do outro a importância da junção das nossas inteligências para que a gente encontre sempre alternativa.
Temos visto e foi noticiado atos egoístas de muitas pessoas desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil e medidas extremas começaram a ser adotadas pelas autoridades, seja de comerciantes que majoraram preços de produtos de saúde, ou simplesmente pessoas desobedecendo os protocolos de prevenção. Por que o ser humano é egoísta? Como a filosofia vê e explica esse fenômeno?
A pandemia faz com que as pessoas revelem o caráter que no dia a dia já desempenham. De uma maneira mais direta, as pessoas concretamente, qualquer um e qualquer uma de nós, se mostram de fato nas crises. É a crise, o momento do abalo, no momento da dificuldade que mostra se alguém de fato é decente, se é valoroso, se é valorosa ou se é indecente e tem valia alguma porque se aproveita do desespero alheio para obter uma vantagem individual. A ideia de egoísmo é sempre uma escolha, exceto quem tem alguma perturbação psiquiátrica e portanto, não tem controle sobre esse tipo de atitude, para as outras pessoas a inveja, a soberba, a ideia do poder que se acumula sem nenhum tipo de restrição, ela é uma decisão, uma escolha.
Nós podemos, e você pergunta por que nós o somos egoístas, é porque nós podemos sê-lo. Nós podemos também não sê-lo. Por isso, é sempre uma decisão. A possibilidade daquilo que é a virtude e daquilo que é o vício resulta da nossa liberdade. Se livre não fôssemos não haveria possibilidade nenhuma de a gente fazer um juízo de natureza ética sobre essa questão. Há pessoas que se mostram agora aquilo que no dia a dia de fato realizam.
Por outro lado, claro, quando nós conseguirmos, e conseguiremos, ultrapassar essa tormenta, é preciso que as pessoas imaginem que elas continuarão nas suas comunidades, nos seus lugares, nos seus negócios e claro serão vistas também, serão avaliadas, serão julgadas pelo que fizeram na hora da dor coletiva, e aí não é o momento da vingança, mas é o momento da justiça.
Por outro lado, também vemos muitos exemplos de solidariedade e grandes demonstrações de humanismo em diversos lugares do país e do mundo. Passado o período de combate à pandemia do coronavírus, nos tornaremos mais fortes como sociedade?
Seria muito bom. Nós já tivemos outros momentos de tormenta na história humana, tivemos grandes guinadas em relação aquilo que vitima, machuca, ofende a humanidade ou pessoas, mas nem sempre essas lições são todas elas tomadas como sendo mais duradouras. Mas nós temos exemplo sim de mudanças de solidariedade, haja vista a sociedade nipônica, que saindo da Segunda Guerra Mundial, em 1945, como um dos algozes naquilo que foi o movimento imperialista de expansão japonesa, estruturou uma sociedade onde a presença do ordenamento, da capacidade de convivência mais disciplinada, ela se tornou ali uma marca muito forte. Há também a presença da Alemanha, a grande vilã do século 20, em função da prática do nazismo, que hoje no século 21 é uma das nações que mais dá lições em relação à acolhida a refugiados, ao modo de expansão da solidariedade. Portanto, muitas vezes as lições são aprendidas.
Mas em outras vezes não. O século 20 marcou momentos de extrema turbulência, de extrema forma dolorida de existir e nem sempre se aprendeu com toda nitidez, com toda clareza. Por isso, a minha expectativa é que a gente possa sim tirar daí grandes lições de convivência solidária, mas não acho que será uma conduta que seguirá de modo contínuo. Porque nós somos capazes, inclusive, de deixar para trás, de esquecer aquilo que foram lições que a história nos deu. Não é que eu tenho uma expectativa pessimista, mas acho que é necessário que a gente aprenda de vários modos, nos vários tempos e aí nós vamos seguindo até um outro momento.
Além da questão de saúde, a pandemia do coronavírus afeta a rotina do mundo de outras formas, em especial economicamente. Como fazer para que isso não nos afete mentalmente? Como lidar com isso?
“Talvez recuperando aquilo que os nossos avós, em Santa Catarina ou no Paraná, onde nasci, ou em São Paulo, onde vivo, diziam: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.
Desse ponto de vista, claro, nenhuma maldade e nenhuma bondade são definitivas. A palavra ‘nunca’ e a palavra ‘sempre’ elas não têm aplicação nem para a ciência, nem para o amor, nem para a história. São três áreas em que elas não têm validade. Nesse sentido, há a necessidade de nós olharmos esse momento como um momento absolutamente inédito em termos de dimensão, afetação e informação, mas nós teremos consequências que, sem dúvida e infelizmente, vão ultrapassar a temática do vírus e da saúde.
É preciso desde já e não para o depois que se possa tomar providências em relação as pessoas que são e serão mais afetadas em relação a sua capacidade de alimentação, de saúde, de sobrevivência, de guarida. Nós temos muita gente espalhada não só pelo mundo, mas no nosso país também, que esta pandemia vai afetar a sobrevivência do dia a dia. É tentar ficar vivo dia após dia independentemente do vírus, independentemente de ser sido contaminado ou não. Por isso, é necessário montar um mecanismo em que uma nação inteira seja capaz de cuidar dos seus desvalidos, tal como deseja e precisa cuidar dos seus contaminados, seja de onde vierem.
Há algum tempo se estuda e fala-se muito sobre o isolamento digital da atual geração. O fato de as pessoas estarem sem ligadas umas às outras on-line, mas distantes fisicamente. De que forma o fenômeno que estamos vivenciando por ajudar a mudar isso?
Guimarães Rosa diz que “o sapo não pula por boniteza, ele pula por precisão”. Nesse sentido esse tipo de mudança de mentalidade será muito mais precisão. De repente, nós tomamos nos últimos três meses um susto, um espano imenso em relação a algumas das nossas certezas e alguns dos modos de vida. Outro dia vi uma reflexão muito apropriada que dizia que “hoje há uma facilitação muito grande para quem é mais jovem, porque já é habituado ao mundo digital, mas ele tem uma dificuldade imensa de ficar dentro de casa sem alguma atividade. E para os mais idosos, que é o meu caso, uma facilitação maior na medida em que a paciência já veio sendo exercida durante a vida, e segundo, mais habituados a ficar no mundo da TV, e menos no mundo digital”. Portanto, são momentos em que os aprendizados serão recíprocos.
Mas, acima de qualquer coisa, a tecnologia hoje tem, como sempre e qualquer coisa, uma dupla face. Permite que a gente se conecte, tal como no dia a dia permite que a gente se distancie fisicamente. Agora, sem ela, sem essa tecnologia, nós estaríamos em um nível de agonia muito maior do que estamos. Hoje, o fato de que muitos conseguem fazer o tele trabalho, o trabalho a distância, várias pessoas conseguem pelo menos ver as pessoas com quem tem um laço afetivo, é nessa hora que a dupla face pode vir a tona.
A tecnologia que permitiu que o vírus atravessasse o planeta inteiro em algumas semanas é a mesma que permite que a gente seja capaz de coletivamente ganhar uma esperança nessa trajetória, que é turbulenta, é difícil, absolutamente agoniante, mas não é de maneira nenhuma invencível.
O isolamento social vai servir para reaproximar as pessoas e fortalecer esses laços? Ou não, vai enfraquecer de vez, com cada vez mais gente ligada no mundo virtual?
Acho que o isolamento social tem hoje conseguido alguns ganhos, entre eles pessoas que primeiro não se conheciam tanto dentro da sua própria casa e vão ter que fazê-lo, vão ter de aprender, de vivenciar essa experiência de uma forma de presença mais direta, que não admite a fuga.
Não há para onde fugir, porque o próprio uso do mundo digital ele tem um limite, num determinado momento dado a convivência contínua num mesmo território. Segundo, claro que pessoas que têm uma disponibilidade prévia a não admitir a ruptura dos modos de convivência vão insistir nisso. Pessoas que já têm, a tendência a uma forma de exclusividade, um certo desprezo ao contato afetivo, elas não aprenderão talvez essa lição. A menos que o susto seja muito maior do que a comodidade que encontram no dia a dia.
É comum as pessoas buscarem um culpado para tudo o que acontece de errado. No momento, há quem culpe os chineses por conta do coronavírus, já que a epidemia iniciou no interior do país asiático. Isso, de certa forma, ajuda a abrir o porão de sentimentos ruins das pessoas, como a xenofobia, por exemplo. Por que o ser humano age assim? O que a filosofia diz disso?
Que aquele que vem de fora, o xenus, no grego antigo, origem do termo xenofobia, aquele que vem de fora pode ser um visitante ou um inimigo. Pode ser um comerciante ou um adversário, um invasor. E nesse sentido, nem sempre se imagina que a pessoa que está fora do nosso modo de ser, de conviver, ela seja amigável o tempo todo. Haja vista que quando nós nos referimos a eventuais contatos com seres de outros locais do universo, de outros planetas, uma das primeiras perguntas é: “Será que são amigos? Amigáveis? Visitantes ou invasores?”.
Essa é uma questão séria, afinal de contas quando a gente olha aquele que ão é da nossa comunidade, da nossa família ou para usar uma expressão mais antiga, da nossa tribo, a tendência é ter alguma estranheza. Não é casual que no idioma inglês se usa a palavra “stranger”, não só “foreign” (aquele que vem de fora), mas “stranger” também, aquele que é estranho. Nesse sentido, não tenho dúvida que esse tipo de acusação que se faz a uma parte dos asiáticos é movida por um desconhecimento inclusive do que é que significa uma caminhada de um vírus dessa natureza e por outro lado sobre o que significa concretamente responsabilidade.
Até hoje a Espanha paga pela gripe espanhola, que não começou lá. Começou nos Estados Unidos. Portanto, esta forma de encontrar alguém que possa ser “crucificado” acalma algumas pessoas, porque pode com isso fingir que não tem responsabilidade.
E é claro que nessa hora tudo que é estranho vem a tona. Se você olha o europeu que colonizou este território chamado Brasil nos 520 anos mais recentes, ele chamava quem vivia na cidade de cidadão e quem vivia no campo, que já estava aqui, de selvagem. Aquele que viva na selva. Nesse sentido é claro que sempre se teve a possibilidade de uma interpretação excludente daquelas pessoas que não são do mesmo grupo, da mesma família.
O que talvez o coronavírus rompa um pouco. Porque afinal até o símbolo maior de convivência global, que é a Olimpíada, ao ter o eu adiamento mostra que a gente pode até adiar a Olimpíada com todos os seus arcos entrelaçados, mas não podemos romper os arcos entrelaçados de convivência da humanidade, porque sozinhos e sozinhas nenhum de nós sobreviverá.
Sou acadêmico, estou no campo do ensino há 45 anos, que atuo com pesquisa, com estudo. Quem lida nessa área, e não é por nenhum tipo de privilégio ou nenhum tipo de inteligência superior, coisa que não tenho, tenho sempre uma desconfiança metodológica. Nem sempre a gente acolhe a primeira impressão. Porque a primeira impressão ela pode estar equivocada de maneira exuberante. Por isso, no meu caso específico, por estar neste ramo de atividade, tudo aquilo que recebo, uma parte que se demonstra incorreto, submeto a alguns crivos, alguns critérios, antes de divulgar.
Primeiro, olhar e ver se fato aquilo faz sentido ou apenas coincide com algo que eu desejava. Segundo, buscar a fonte de emissão daquela notícia. Ver se ela tem confiabilidade. E a confiabilidade vem quando ela prova na sua trajetória anterior, seja recente ou mais antiga, que toma cautelas em relação à veracidade daquilo que expressa e divulga. Terceiro, fazer um cotejamento, dado que a tecnologia digital permite isso, com outras fontes. E claro, em quarto, aguardar um pouco até que aquilo que eu recebo que pareceu nojento ou absolutamente encantador que se tenha o tempo de reflexão e análise de quem entende.
Por isso, sim, recebo com frequência, mas não partilho nada sem ter antes algum tipo de garantia de que não estou contribuindo para a idiotice coletiva, que é a crença sem suspeita.
Qual recado você daria para quem cria ou compartilha boatos ou notícias falsas relacionados ao coronavírus?
Não faça mais mal do que o próprio vírus vem fazendo. Pessoas que compartilham aquilo que não tem ainda uma garantia de maior veracidade, maior sustentação, seja científica ou social, não faça mais mal. O vírus por si mesmo já é suficiente para nos ameaçar, para nos assustar, para nos colocar em estado de absoluta atenção. Por isso, evite acrescentar ao vírus mais esse malefício. Em última instância, não seja parceira ou parceiro do vírus.

ATIVIDADE PARA O 3º ANO- VALOR 1,0 NO CADERNO

1.  Faça uma dissertação de 25  linhas com base no texto e em sua vivência sobre a ética nas relações humanas em tempos de pandemia.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Atividade pra asTurmas de 1º Ano - Profº Maria José (1º B, C e D Vespertino)


Introdução
 O que é Filosofia?    Nascimento da Filosofia






O que é Mitologia

                                        Por Thais Pacievitch

Mitologia é o estudo de mitos, lendas e a interpretação dos mesmos em alguma cultura. Mitos são histórias populares ou religiosas complexas, com vários pontos-de-vista, das pessoas que viviam na época em que os mitos foram criados. Normalmente é uma narrativa, na qual se usa a linguagem simbólica, e que busca retratar e descrever a origem e suposições de alguma cultura, explicar a criação do mundo, do universo, ou qualquer assunto de difícil explicação.
Os mitos geralmente retratam o mundo como ele era antes de o conhecermos. O tempo, o lugar e os personagens sobrenaturais e divindades fizeram com que muitos mitos tivessem um cunho religioso, sendo que em algumas religiões restam alguns resquícios mitológicos.

ATIVIDADE SOBRE  MITOLOGIA GREGA

             A GRÉCIA E A RELIGIÃO

 Dos aspectos da cultura grega, a mitologia é uma das fontes que podemos usar para entender como era a vida dos gregos em relação ao pensamento e o culto, isso podemos observar no texto abaixo: Texto 03 A RELIGIÃO na Grécia antiga e seus mitos “Os mitos, para nós, servem como importante fonte de conhecimento sobre o pensamento grego e as características de seu culto. Além disso, embora muitas das histórias dos heróis e suas aventuras sejam imaginárias, revelam os historiadores, também, como os gregos se relacionavam com a natureza, suas ocupações, seus instrumentos, seus costumes e os lugares que visitaram e conheceram. Os mitos servem, também, para que possamos entender melhor a nós mesmos. Por quê? Por tratarem de sentimentos humanos, como o amor e o ódio, a inveja e admiração e, muitas vezes, traduzirem ou procurarem responder a indagações morais e existenciais que rondam a mente humana. Por isso, ainda hoje, essas histórias mitológicas gregas falam à nossa sensibilidade, milhares de anos depois. A maneira de tratar as questões e os sentimentos humanos mais profundos continua atual, suas narrativas ainda nos emocionam”. Pedro Paulo Funari, Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2006. p. 59 Os antigos gregos representavam seus deuses com aparência e personalidade humanas e suas ações refletiam sentimentos como amor, solidariedade, coragem, raiva, inveja, traição. Com a mitologia, os gregos buscavam compreender melhor o mundo em que viviam, saber de onde vinham, o funcionamento da natureza e a origem de seus valores básicos, onde é possível perceber a compreensão de sentimentos humanos. Após análise e leitura vamos responder a seguinte questão:

 1. Por que os mitos podem nos ajudar a entendermos melhor a nós mesmos? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


 Buscando uma compreensão maior sobre os gregos e obter êxito em nossas atividades são apresentados alguns significados presentes nos textos que vamos conhecer, encontrados no dicionário on line:

Mito: s.m.Narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobrehumanos e ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de acontecimentos históricos, reais ou fantasiosos (desejados), ou nas quais se projetam determinados complexos individuais ou determinadas estruturas subjacentes das relações familiares. / Fig. Coisa fabulosa ou rara: a Fênix dos antigos é um mito. / Lenda, fantasia. / Fig. Coisa que não existe na realidade.

Religião: s.f. Culto rendido à divindade. / Fé; convicções religiosas, crença: a religião transforma o indivíduo. / Doutrina religiosa: religião cristã. / Tendência para crer em um ente supremo. / Acatamento às coisas santas. / Fig. Coisa a que se vota respeito: o trabalho era para ele uma religião.
Deus: s.m. Ente infinito e existente por si mesmo; a causa necessária e fim último de tudo que existe. / Em teol. cristã, ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, criador e regulador do universo. / Cada uma das pessoas da trindade cristã: Deus Padre, Deus Filho e Deus Espírito Santo. (Nestas significações, escreve-se com inicial maiúscula.) / Divindade masculina. // Os deuses, as personificações masculinas e femininas que compunham o Olimpo pagão.

Herói: s.m. Nome dado pelos gregos aos grandes homens divinizados. / Aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações extraordinárias, principalmente por feitos brilhantes durante a guerra. / Principal personagem de uma obra literária (poema, romance, peça de teatro etc.) ou cinematográfica. / Principal personagem de uma aventura, de um acontecimento.

Rito: s.m. Conjunto de regras e de cerimônias que se praticam numa religião: o rito da Igreja romana. / Culto, seita. / Direito Conjunto de leis adjetivas que regem o exercício de uma ação em juízo. / Etnol. Ato mágico que tem por finalidade orientar uma força oculta no sentido de uma ação determinada. Disponível em:”< http://www.dicionariodoaurelio.com/>” acessado em:”” as 22:18h”.

O texto nos ajuda a entender principalmente qual era o objetivo do mito. Leia e observe:  Mito são narrativas utilizadas pelos povos  gregos. Politeístas, adoravam uma grande quantidade de divindades que foram se acumulando com o passar do tempo. Ao cidadão cabia respeitar os ritos, cumprindo seus deveres religiosos mínimos. Para entendermos ainda mais, vamos responder as seguintes questões:

2-O que são mitos de acordo com o texto? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3-Cite o objetivo do mito. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Analisando os significados do dicionário escreva com suas palavras qual a diferença de deus e herói? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________




Material para Realizar Atividade do 1º Ano - Profº Amaral ( 1º A,B,C Matutino e 1º A Vespertino e 1º A Integral)

Mito e Filosofia.
Marilena Chauí.

O novo problema pode ser assim formulado: a Filosofia nasceu realizando uma transformação gradual sobre os mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos?
O que é um mito?
Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.).
A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra – o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.
Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe? De três maneiras principais:
1. Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado, etc. A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados.
Tomemos um exemplo da narrativa mítica. Observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros (que conhecemos mais com o nome de Cupido): Houve uma grande festa entre os deuses. To dos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.
O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados – ou os troianos ou os gregos – vencer uma batalha. A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.
3. Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra.
Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males no mundo.
Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.
A palavra gonia vem de duas palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer: geração, nascimento a partir da concepção sexual e do parto. Cosmos, como já vimos, quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.
Teogonia é uma palavra composta de gonia e theós, que, em grego, significa: as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados.
Qual é a pergunta dos estudiosos? É a seguinte: A Filosofia, ao nascer, é, como já dissemos, uma cosmologia, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas; para isso, ela nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os mitos? Continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia? Duas foram as respostas dadas.
A primeira delas foi dada nos fins do século XIX e começo do século XX, quando reinava um grande otimismo sobre os poderes científicos e capacidades técnicas do homem. Dizia-se, então, que a Filosofia nasceu por uma ruptura radical com os mitos, sendo a primeira explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.
A segunda resposta foi dada a partir de meados do século XX, quando os estudos dos antropólogos e dos historiadores mostraram a importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e de sentir de uma sociedade. Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles. Atualmente consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente.
Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes:
1. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;
2. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais.
O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos – úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
3. O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
Condições históricas para o surgimento da Filosofia
Resolvido esse problema, temos ainda um último a solucionar: O que tornou possível o surgimento da Filosofia na Grécia no final do século VII e no início do século VI antes de Cristo? Quais as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da Filosofia? Podemos apontar como principais condições históricas para o surgimento da Filosofia na Grécia:
1. As viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
2. A invenção do calendário, que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
3. A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
4. O surgimento da vida urbana, com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a Filosofia poderia surgir;
5. A invenção da escrita alfabética, que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas – como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses -, supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
6. A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia:
I – A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade – da polis – servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
II – O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa. A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
III – A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia.
Principais características da Filosofia nascente
O pensamento filosófico em seu nascimento tinha como traços principais:
a) A tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;
b) A tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é, colocado um problema, sua solução é submetida à análise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira;
c) A exigência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o filósofo é aquele que justifica suas ideias provando que segue regras universais do pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando afirmo e nego a mesma coisa sobre uma mesma coisa (por exemplo: “Pedro é um menino e não um menino”, “A noite é escura e clara”, “O infinito não tem limites e é limitado”). Assim, quando uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela deve ser considerada falsa;
d) A recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele;
e) A tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades. Por exemplo, para meus olhos, meu tato e meu olfato, o gelo é diferente da neblina, que é diferente do vapor de uma chaleira, que é diferente da chuva, que é diferente da correnteza de um rio. No entanto, o pensamento mostra que se trata sempre de um mesmo elemento (a água), passando por diferentes estados e formas (líquido, sólido, gasoso), por causas naturais diferentes (condensação, liquefação, evaporação).
Reunindo semelhanças, o pensamento conclui que se trata de uma mesma coisa que aparece para nossos sentidos de maneiras diferentes, e como se fossem coisas diferentes. O pensamento generaliza porque abstrai (isto é, separa e reúne os traços semelhantes), ou seja, realiza uma síntese.


 Referência: CHAUÍ, Marilena. O nascimento da Filosofia. In: Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1997. p.28-33.

Atividade para as Turmas de 1º Ano - Profº Amaral ( 1º A,B,C Matutino e 1º A Vespertino e 1º A Integral)

Estimados estudantes,

 apesar de estarmos afastados da sala de aula, para permanecermos em casa, a tecnologia oferece a possibilidade de criarmos uma rotina de estudo!


Sugiro a vocês que, seguindo as orientações abaixo, façam um resumo do texto.
Quando retornarmos, discutiremos o texto e olharei os resumos feitos por vocês.
                                                 Bons estudos!



Como fazer um resumo


1. Leia e releia o texto

A primeira coisa que você deve saber é que preparar um resumo é, também, uma forma de estudar – afinal, para poder elaborá-lo, você precisa estar bem afinado com o assunto. O ideal, então, é você ler e reler o texto algumas vezes para se certificar de ter entendido tudo direito. Aproveite o momento em que estiver estudando a matéria! Fazer alguns exercícios também ajuda.

2. Busque os conceitos mais importantes e os pontos fundamentais do texto

Agora que você leu o texto algumas vezes, já pode estar preparado para ressaltar o que há de mais importante nele, ou seja, qual é a sua essência. É aqui em que você deve tentar buscar algumas palavras-chave sobre o assunto, para te ajudar a se organizar, e também destacar no texto o que é mais importante.

Se você estiver fazendo um resumo de Física sobre termologia, por exemplo, as palavras-chave podem ser: calor, temperatura, dilatação, estudo dos gases, escala Kelvin.

Além de reunir as palavras-chave, você pode também grifar os itens e frases essenciais para a compreensão daquele conteúdo, ou até mesmo o que não dá para escapar de ser decorado. Por exemplo, em uma matéria de exatas, as fórmulas serão essenciais e, claro, não podem deixar de estar no resumo. Em História, por exemplo, você deve dar destaque a alguns nomes de protagonistas de fatos históricos (por exemplo, Robes Pierre na Revolução Francesa, ou Otto von Bismarck nas unificação alemã), e a algumas datas que sejam muito representativas (como 1945, ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial). Em Geografia, não podem ficar de fora os conceitos básicos, especialmente em matérias ligadas à geofísica.

Atenção! Na hora de buscar as partes fundamentais da matéria, você vai precisar ter algumas habilidades em interpretação de texto. Não adianta sublinhar ou grifar o texto inteiro, por isso, é preciso entender o que há de indispensável no meio daquelas palavras. 


3. Organize as ideias principais

Agora é a hora de organizar o que você entendeu do assunto. De posse das palavras-chave e das fórmulas, nomes e datas mais importantes, é hora de orientar o resumo que você vai escrever. Para isso, tente responder a duas perguntas: 1. O que está sendo dito no texto? 2. Como eu explicaria este assunto para alguém?

É importante também tentar elencar o assunto em tópicos que você considera importantes (se for um resumo de História, faça em ordem cronológica de acontecimentos). É aqui que você pode “desenhar” um pequeno esquema para o assunto, estipulando um número de conceitos principais, como três ou quatro, para você não colocar coisas demais no resumo. 

4. Escreva o texto com suas palavras

Mãos à obra! É hora de escrever. Você já leu e releu o texto, destacou as palavras ou fórmulas mais importantes, já listou os tópicos mais importantes… deve estar quase um craque no assunto. Depois de tudo isso, escrever vai ficar moleza. Pegue o assunto pelo básico geral e depois passe para os assuntos específicos dentro daquela matéria.

Atenção! Faça o resumo com suas próprias palavras. Não adianta nada simplesmente copiar trechos do livro-texto, porque você não estará absorvendo nada. Quando você mesmo escreve, está se forçando a explicar a matéria com o que você aprendeu, o que ajuda a fixar o conteúdo.