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terça-feira, 2 de junho de 2020

FILOSOFIA PARA TODAS  3ª SÉRIES
PROFESSORA MARIA JOSÉ

FILOSOFIA POLÍTICA

 A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA



Política
A palavra “política” provém do grego “politéia”. Tal palavra era usada para se referir a tudo relacionado a polis (Cidade-estado) e à vida em coletividade. Portanto, podemos chegar a um ponto em comum ao afirmar que a política está relacionada diretamente com a vida em sociedade, no sentido de fazer com que cada indivíduo expresse suas diferenças e conflitos sem que isso seja transformado em um caos social.

Embora se afirme que gregos e romanos tenham criado a política, com destaque para a obra “Política” de Aristóteles, não podemos negar a existência de relações de poder e autoridade em civilizações anteriores. De fato, gregos e romanos desenvolveram as características de autoridade e poder no sentido político.

De certa forma, a política surgiu para garantir a estabilidade social. O agente máximo que garante essa estabilidade é o Estado. O poder político, exercido pelo mesmo, está diretamente relacionado ao direito de coerção e uso legítimo da força física. Assim, para garantir os interesses da sociedade em geral, o Estado pode, de forma única, utilizar a forma coercitiva. Em sua obra “O Príncipe”, Maquiavel afirmou que o que move a política é a luta pela conquista e pela manutenção do poder, além disso, segundo ele, os fins deveriam justificam os meios, isto é, para a finalidade da ordem, soberania e bem-estar social, o Estado poderia usar a força física de forma legítima.

A ciência política é uma área do pensamento destinada a estudar os modelos de organização e funcionamento estatal. No âmbito acadêmico, essa área do conhecimento se institucionalizou particularmente nos Estados Unidos, com desdobramentos para a Europa Ocidental. Após a crise das democracias representativas, a difusão da política como uma ciência ocorreu em vários países do Terceiro Mundo. 
https://mundoeducacao.uol.com.br/politica


ATIVIDADE

PESQUISE E TIRE SUA CONCLUSÃO PARA RESPONDER A PERGUNTA:
1)      PORQUE SÓCRATES ERA CONTRA A DEMOCRACIA?
2)      ESCREVA A RESPEITO DA DEMOCRACIA REPRESENTIVA.

3)      FAÇA UM RESUMO DA OPINIÃO DE ROUSSEAU SOBRE POLÍTICA.(TEXTO ABAIXO)

                              TEXTO COMPLEMENTAR


JEAN-JACQUES ROUSSEAU    lattes.cnpq.br/6947356140810110
por Alexsandro M. Medeiros
postado em 2013
atualizado em jan. 2017
            
Tal como o filósofo inglês Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau sustenta que a sociedade surge a partir de um pacto, um contrato estabelecido entre os homens, que faz com que estes abandonem o estado de natureza e se organizem em sociedade. Contudo, diferentemente de Hobbes, Rousseau sustenta em sua obra, Do Contrato Social, que a soberania pertence ao povo, que livremente deve transferir seu exercício ao governante. Suas ideias democráticas inspiraram os líderes da revolução francesa e contribuíram para a queda da monarquia absoluta, a extinção dos privilégios da nobreza e do clero e a tomada do poder pela burguesia. O filósofo, no conjunto de suas obras, nos alertaria para a complexa relação homem-sociedade enfatizando, sobretudo, as inúmeras formas de “corrupção” do homem pela sociedade. O homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe, diz o filósofo. O homem em seu estado natural é um ser puro, desprovido de quaisquer formas de corrupção. Contudo, através do seu convívio na sociedade ele adquire novas “necessidades”, e com elas, surgem novos desejos que objetivam ser realizados. Através do convívio social o homem torna-se um ser degradado e decompõe suas estruturas. O homem cria novas necessidades, surgidas através do convívio em sociedade, e assim sendo, deseja satisfazê-las. Desta forma, passa a agir em função destas necessidades.
            Pensador francês do séc. XVII, período do apogeu do Iluminismo, Rousseau foi um autêntico teórico revolucionário, assim como Voltaire e Montesquieu. Numa Europa ainda dominada pelo espírito absolutista do Antigo Regime, Rousseau enfrentou sérios problemas uma vez que em sua obra Do Contrato Social, apontava o povo como origem legítima do governo, afirmação que causou a condenação de sua obra e de seu autor pelo parlamento de Paris, além de ter sido decretada sua prisão.
            O Contrato Social é um clássico de filosofia e política, um estudo minucioso, profundo e sistemático das teorias políticas em meados do século XVIII. Nele, são discutidas as questões da origem, formação e manutenção das sociedades humanas entendidas sobre a base da celebração de um acordo ou contrato entre os homens. O povo aparece como a origem legítima do poder soberano e não mais a figura do monarca. O povo passa a ser o soberano e o governante (monarca ou administrador eleito) restringe-se à função de agente do soberano. Rousseau torna-se, desta forma, um dos maiores defensores da democracia, forma de governo segundo a qual o poder político deve estar integralmente nas mãos do povo.
            Nascimento (2001, p. 194) chama a atenção para o fato de que o Contrato Social é uma obra que deve ser entendida em conjunto com o Discurso sobre a origem da desigualdade pois muitas análises presentes no Contrato já estão presentes no Discurso, em se tratando, por exemplo, da origem da sociedade , da liberdade e do estado de natureza: “a trajetória do homem, da sua condição de liberdade no estado de natureza, até o surgimento da propriedade, com todos os inconvenientes que daí surgiram, foi descrita no Discurso sobre a origem da desigualdade”. Silva (2008, p. 32), por sua vez, ressalta como o Contrato Social funda-se na concepção de indivíduo soberano e livre, a partir da “visão abstrata e conjetural da condição humana, apresentada no Discurso sobre a desigualdade”. Além disso, o Contrato consiste “na elaboração de princípios normativos capazes de legitimar a existência do homem em convívio com outros na ordem civil, preservando sua liberdade”.
            O Contrato Social de Rousseau amplia as reflexões iniciadas no Discurso sobre a origem da desigualdade e apresenta o seu projeto do “dever-ser de toda ação política” (NASCIMENTO, 2001, p. 195). Trata-se de buscar a melhor forma de organização social e como ela deve-ser. “O que pretende estabelecer no Contrato social são as condições de possibilidade de um pacto legítimo, através do qual os homens, depois de terem perdido sua liberdade natural, ganhem, em troca, a liberdade civil” (NASCIMENTO, 2001, p. 195-196).
 O Contrato Social
            Em sua obra Do Contrato Social Rousseau situa duas etapas determinantes do processo de transição do estado de natureza para o estado civil (surgimento da sociedade): primeiro, o início da sociedade civil com a instituição da propriedade privada e, segundo, como simultâneo ao aparecimento das desigualdades sociais.
            O primeiro livro do Contrato tem como objetivo discutir qual a origem e o fundamento legítimo da sociedade política (Estado civil). Rousseau fala da condição natural do homem em contraste com a sua condição social, resultando destas duas condições duas formas de liberdade (natural e social) sendo que esta última restringe a liberdade da condição natural do ser humano: “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros” (ROUSSEAU, 1973, p. 22). Mas é preciso considerar que embora sua condição social prive o homem de muitas vantagens que frui na natureza, ele também ganha algumas outras:
suas faculdades se exercem e se desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos se enobrecem, toda sua alma se eleva a tal ponto que, se os abusos dessa nova condição não o degradassem frequentemente a uma condição inferior àquela donde saiu, deveria sem cessar bendizer o instante feliz que dela o arrancou para sempre e fez, de um animal estúpido e limitado, um ser inteligente e um homem (ROUSSEAU, 1973, p. 36).
            Ao analisar o fundamento legítimo da sociedade política Rousseau reflete sobre as condições reais e efetivas em que se deu a passagem de sua condição natural para a condição social do ser humano e em que condições a transformação pode operar-se legitimamente. Natureza (condição natural) e convenção (condição social) são os dois grandes temas do Livro I do Contrato.
            As desigualdades sociais não são naturais como pensava Aristóteles (basta lembrar que o filósofo grego considerava natural a escravidão pois, segundo o mesmo, a natureza criou seres para mandar e outros para obedecer, homens livres e escravos, procurando justificar assim a sociedade escravocrata de sua época), mas fruto de uma convenção estabelecida entre os homens. A única forma de associação natural (em decorrência de uma necessidade instintiva) para Rousseau é a da família: “ainda assim só se prendem os filhos ao pai enquanto dele necessitam para a própria conservação. Desde que tal necessidade cessa, desfaz-se o liame natural [...] Se continuam unidos, já não é natural, mas voluntariamente, e a própria família só se mantém por convenção” (ROUSSEAU, 1973, p. 23). Mais uma vez Rousseau se distancia de Aristóteles, para quem dessa sociedade primária, a família, derivam todas as demais. A Sociedade civil não se formou por extensão dos laços de família, mas por convenção.
            Essa forma de convenção só pode ser considerada ilegítima, pois de forma alguma se pode conceber que um povo se aliene a um rei em que tudo se aproveitasse a uma só das partes: essa foi a primeira convenção e só isso já caracteriza sua ilegitimidade. Por natureza nenhum homem tem autoridade sobre seus semelhantes, portanto, foi através de alguma convenção que passou a existir a autoridade do rei. Mas por qual motivo um povo se tornaria súdito de um rei já que este “longe de prover a subsistência de seus súditos, apenas dele tira a sua [...] Afirmar que um homem se dá gratuitamente constitui uma afirmação absurda e inconcebível” (ROUSSEAU, 1973, p. 26-27). Só a convenção explica uma autoridade absoluta e uma obediência sem limites. Tudo se origina de uma convenção e uma convenção que, em lugar da liberdade natural irrestrita, instala agora uma liberdade convencional fruto de um pacto social. O efeito principal do pacto social é dar origem a uma nova “entidade”, um “corpo moral e coletivo” que não é um simples agregado de homens, mas o “corpo político”.
Esse ato de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada contratante, um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quantos são os votos da assembleia, e que, por esse mesmo ato, ganha sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade. Essa pessoa pública que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político [...] Quanto aos associados, recebem eles, coletivamente, o nome de povo e se chamam, em particular, cidadãos, enquanto partícipes da autoridade soberana, e súditos enquanto submetidos às leis do Estado (ROUSSEAU, 1973, p. 33-34 – grifos do autor).
            O pacto social que fez surgir a Sociedade civil resultou de um processo que deu origem as desigualdades sociais entre os homens que, por sua vez, surge com a instituição da propriedade privada: “O verdadeiro fundador da sociedade foi o primeiro homem que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer ‘isto é meu’, encontrou pessoas simples e humildes o suficiente para acreditá-lo” (ROUSSEAU, 1973). Rousseau exemplifica dessa forma a instituição da propriedade privada e a hipótese da desigualdade humana para o principal problema da organização política: divisão do trabalho, agricultura, metalurgia, tudo levando à descoberta da propriedade e dela à desigualdade e opressão. A propriedade determina o que é “meu” e o que é “teu” e, como há capacidades diferentes, fatalmente uns terão mais do que outros e quererão manter sua posse e transformá-la em propriedade.
            Essa ideia aparece no Contrato quando Rousseau fala sobre o direito do primeiro ocupante. O direito do primeiro ocupante é posterior ao direito de propriedade. A instituição da propriedade, posse por parte de um (o primeiro ocupante) e aceitação pelos demais, aliada ao surgimento da agricultura e metalurgia, produziu a “grande revolução”. As desigualdades, que no estado natural eram “quase nulas” na significação de possibilidades ao homem, tornam-se políticas, e excludentes. Os “ricos” (donos de propriedades) praticam usurpações, e os “pobres” (que não tem propriedade) precisam pilhar para sobreviver.
            Não se trata de dizer que não existam desigualdades, mas de refletir sobre o modo como elas existem. Já no Discurso sobre as origens e os fundamentos das desigualdades entre os homens, veremos que Rousseau designa um tipo de desigualdade como sendo natural ou física e o outro tipo como sendo moral ou política:
Concebo na espécie humana dois tipos de desigualdade: uma a que chamo de natural ou física, por ser estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença de idades, de saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito ou da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral, ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e é estabelecida, ou pelo menos autorizada pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos diferentes privilégios, de que gozam alguns em prejuízo de outros, como o de serem mais ricos, mais homenageados, mais poderosos ou mesmo o de se fazerem obedecer (1973, p. 48).
            No estado natural as desigualdades não fazem nenhuma diferença, mas o surgimento da propriedade privada faz nascer um outro tipo de desigualdade que, tendo surgido como uma iniciativa unilateral, Rousseau caracterizará essa atitude como usurpação. De seu ponto de vista, a sociedade civil já continha um mal de origem - ela surgiu através da usurpação. Ocorre que este processo, de formação da sociedade civil, que se inicia com o surgimento da propriedade privada, por ter sua origem numa usurpação, desencadeará inexoravelmente uma série de problemas. Esta situação passa a ser a origem de desigualdades que tornariam a sociedade nascente atravessada por conflitos insuperáveis. “Como poderá um homem ou um povo assenhorear-se de um território imenso e privar dele todo o gênero humano, a não ser por usurpação punível, por isso que tira do resto dos homens o abrigo e os alimentos que a natureza lhes deu em comum?” (ROUSSEAU, 1973, p. 38).
            O pacto social, na realidade, foi um pacto proposto pelos mais aquinhoados que, ao invés de restabelecer a igualdade e a liberdade naturais, perpetuaria as relações injustas então prevalecentes. Este pacto seria o reconhecimento público da desigualdade e a vitória da propriedade sobre a liberdade.
            Por esta sociedade política se constituir numa iniciativa dos “ricos”, este pacto ou contrato de formação da sociedade política assume o caráter de um pacto dos “ricos”. Ou seja, os “ricos” vão tomar a iniciativa de sua constituição. Tratava-se, portanto, de criar um poder político que garantisse, no fundo, a propriedade daqueles que a possuíam.
            Neste sentido, podemos dizer que para Rousseau existem dois tipos de contrato: uma factual e outro ideal. Rousseau nos apresenta dois tipos de contrato entre os indivíduos: um que teria sido forjado pelos “ricos”, aqueles que se tornaram os donos da propriedade privada (contrato factual) e um outro contrato que deveria ser firmado entre cidadãos livres e iguais (contrato ideal).
Dessa forma, Rousseau afirma que o primeiro motivo que levou os homens a perceberem a conveniência de alguma espécie de contrato foi a tentativa de legitimar o pedaço de terra de que haviam se apossado, transformando-o em propriedade. Deu-se assim um pacto entre os ricos ou proprietários, que convenceram os não proprietários de que seria vantajoso também para eles um contrato em que todos se comprometessem em respeitar e proteger os bens adquiridos por cada um dos contratantes. O que aconteceu então foi uma espécie de pacto no qual alguns tiraram proveito da ingenuidade e pretensa astúcia de outros, fazendo-os acreditar que participavam da fundação de uma sociedade legítima. Falamos em ingenuidade e pretensa astúcia porque todos que concordaram com o pacto imaginavam que um dia também poderiam ter terras (GOMES, 2006, p. 18).
            Quanto ao contrato ideal: já não se trata daquele pacto entre ricos que forjava um contrato ilegítimo entre as partes. O que é sugerido, então, é que os associados formem um único corpo que defenda a cada um dos indivíduos que o formam. Esse corpo seria o soberano e sua vontade, que deve ser sempre a única visada, é a vontade geral. Trata-se agora de tornar legítima uma associação já existente.
            Chevalier (1999, p. 166) define a fórmula do pacto social legítimo como sendo um consentimento necessariamente unânime em que cada pessoa se coloca sob a direção da vontade geral ou, em outras palavras,
cada associado aliena-se totalmente e sem reserva, com todos os seus direitos, à comunidade. Assim, a condição é igual para todos. Cada um se compromete para com todos. Cada um, dando-se a todos, a ninguém se dá. Cada um adquire, sobre qualquer outro, exatamente o mesmo direito que lhe cede sobre si mesmo. Cada um ganha, pois o equivalente de tudo quanto perde, e mais força para conservar o que possui. Como se vê, o compromisso deve toda a sua originalidade ao fato de que cada contratante está obrigado sem, no entanto, estar "sujeito" a pessoa alguma, ao fato de que .cada um, unindo-se a todos, só obedece, "no entanto, a si mesmo, permanecendo tão livre quanto antes" (aí se achava toda a dificuldade do problema a resolver).
            Sobre a ideia de Rousseau de que através do contrato social cada um se submete necessariamente às condições que se impõe aos outros, Dutra (2012, p. 62) dá uma exemplo bastante interessante da área da educação: imagine
se quem legislasse sobre educação fosse obrigado a fazer seus filhos estudarem na escola pública, isso certamente teria implicações sobre as decisões a respeito da matéria. Ou seja, é diferente legislar com relação ao ensino público quando os próprios filhos estudam em escola particular e quando estudam em escolas públicas
            A cláusula fundamental do contrato social é que todos os cidadãos se comprometam a gozar dos mesmos direitos e sob as mesmas condições. Além disso é preciso considerar que um dos princípios basilares de uma sociedade legítima encontra-se na necessidade de submissão às leis. Leis que devem ser
estabelecidas pelo corpo político que se formou no ato convencional que marca a passagem do estado de natureza para o estado civil, ou seja, no pacto de associação, firmado no momento em que os indivíduos colocam-se sob a suprema direção da vontade geral, alienando, sem reservas, sua liberdade e seus direitos naturais (Cf. Do Contrato Social, 1962, p. 27), e conquistando a liberdade civil e moral (SILVA, 2008, p. 32-33)
            O pacto social legítimo tende a desfazer as chamadas desigualdades convencionais e restabelecer a liberdade, transformando a liberdade natural em liberdade civil. Esta consiste no fato de que os cidadãos, sendo ao mesmo tempo súditos e soberanos, obedecem às leis que eles mesmos estabeleceram.
o pacto social estabelece entre os cidadãos uma tal igualdade, que eles se comprometem todos nas mesmas condições e devem todos gozar dos mesmos direitos. Igualmente, devido a natureza do pacto, todo ato de soberania, isto é, todo ato autêntico da vontade geral, obriga ou favorece igualmente todos os cidadãos (ROUSSEAU, 1973, p. 50).

PROFESSORA MARIA JOSÉ
FILOSOFIA PARA 1B,1C,1D
TEMA: TRABALHO, CONSUMO E LAZER

QUERIDO ESTUDANTE GOSTARIA QUE VOCÊ TIRASSE UM TEMPINHO PARA FAZER A LEITURA  DO TEXTO E ASSISTIR OS VÍDEOS, FAZENDO UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO NA VIDA HUMANA.

Trabalho é Tortura Para Você?
GSUCCI SETEMBRO 8, 2016 0 COMMENTS SEU JOGO SUA ARTE
Descrição: Trabalho é Tortura Para Você?

Quando alguém perguntou a você como estava o seu trabalho no meio de uma festa, happy hour, viagem ou algum momento de descontração, você já respondeu algo do tipo: “Cara, aqui não. Não vamos falar de trabalho, pelo amor de Deus. Agora é hora de se divertir!!”?
Aposto que você já participou de cena semelhante.
E aposto também que se você já deu uma resposta do tipo, é sinal de que algo não vai bem em sua vida profissional.
Trabalho pode – e deve – ser algo divertido. Sempre.
Infelizmente, a maioria das pessoas – as pesquisas sustentam essa informação – encaram o trabalho como uma tortura. Algo que não dá prazer. Algo que não envolve alegria e realização.
Descrição: tripaliumIsso se deve, em muito, à origem da palavra trabalho, que já nos remete, mesmo inconscientemente, à tortura:

O TRIPALIUM


O termo trabalho vem do latim tripalium, “tri” (três) e “palus” (pau, estaca).
O tripalium era um instrumento medieval de tortura, onde três estacas cravadas no chão, na forma de pirâmide, eram usadas para castigar os que não podiam pagar seus impostos. Já que esse não era um problema do clero e da nobreza, sobrava para os trabalhadores.
Ou seja, a palavra derivada “trabalho” tem em sua etimologia esse significado penoso, algo que permaneceu preso em nosso inconsciente coletivo.
Mesmo hoje, o ato de produzir continua sendo, dentro de nos, algo torturante. Fomos ensinados por todas as gerações anteriores que o trabalho é algo ruim, algo desinteressante e desimportante para o resto da vida pessoal. Uma coisa é trabalhar e ganhar seu dinheiro. Outra é se divertir.
Muita gente acredita – eu mesmo acreditava – que a vida profissional não foi feita para ser melhor ou pior, mas apenas para se manter financeiramente, para pagar as contas no final do mês.
Trabalho e estresse andam juntos. Diversão e trabalho? Imagina! Trabalho é coisa séria. Uma coisa não combina com a outra. Prazer, só depois do expediente, pois o escritório e a vida corporativa exigem um ambiente preocupado, pesado e alerta o tempo todo.
Não é assim que a maioria das pessoas encara a vida profissional?
Pois não deveria ser.
Uma das melhores definições de sucesso na vida profissional que ouvi diz que você só é feliz no trabalho quando sabe que faria o que faz mesmo sem receber nada, apenas por prazer.
Se não é esse o seu caso, passou da hora de repensar a sua vida profissional.
O trabalho não é sinônimo de cansaço, ou de algo que vai “dar trabalho” ou que será́ “trabalhoso”. Como você pode perceber o termo “trabalho” é tem essa conotação ruim, indicando stress advindo de horas de uma tarefa desagradável, que deve ser encarada como penosa para que seja realizada corretamente.
É por meio do trabalho você ganha dinheiro, cria relações e estrutura seu mundo. Por que o trabalho deve ser, então, algo ruim? Pois não deve, é essa a questão. O trabalho só se torna desgastante quando não temos um propósito a seguir.
Realizações sem um norte são realmente cansativas, pois nunca cremos que elas levem a alguma coisa. Se não nos importamos com o objetivo do que fazemos por horas a fio, todos os dias, o ano todo, muitas vezes sem férias, é lógico que estaremos exaustos e ansiosos para parar de fazer aquilo e relaxar, para enfim sermos nós mesmos e fazer o que gostamos.
É como ser pagos para, por oito horas diárias, mais horas extras, socar punhados de areia caindo para ver se conseguimos agredir a praia. Ao terminar o expediente, queremos abandonar tudo o mais rápido possível para nos livrar o peso de realizar repetidamente coisas nas quais não acreditamos.
 Não adianta contornar um assunto que achamos desinteressante ou encarar algo com peso e sobriedade para podermos realizá-lo corretamente. Se essa atividade norteia nossa vida financeira e, muitas vezes, emocional, encará-la com insensibilidade e sisudez servem apenas para tornar nossa vida mais penosa.                                     
O PROPÓSITO
Ter um propósito significa assumir o leme do navio, ou seja, traçar um curso até um objetivo real para você, criando um objetivo e um significado para sua vida profissional. É finalmente encontrar aquilo que lhe é real e interessante dentro do que você deve fazer.
Ao descobrir o seu propósito, a frase “isso nem parece trabalho para mim, eu me divirto tanto” parecerá muito óbvia. Realizar diariamente funções que têm significado e que completam sua vida pessoal e profissional com satisfação é o mínimo que se deve esperar de algo que consome tanto tempo de nossas vidas.
Está na hora do ser humano se libertar do significado medieval da palavra trabalho. Nossa vida profissional não existe apenas para pagar contas. Não somos nós que temos que ser escravos do trabalho. É o trabalho que deve nos servir. Que deve servir ao nosso propósito. Com um objetivo claro e definido, que não seja apenas pagar as contas, todas as realizações vindas dali serão gratificantes e divertidas.
Você saberá se encontrou o seu propósito no dia em que realizar tarefas que gosta por horas e horas e ainda ficar surpreso ao ser pago por isso. Além de pagar as contas, você certamente terá encontrado um novo significado não só para sua vida profissional, mas também para a pessoal. Quando alguém lhe perguntar como vai o seu trabalho, difícil vai ser parar de falar dele!
Para se aprofundar mais neste assunto assista o vídeo abaixo esclarecendo alguns pontos importantes :




                      ATIVIDADE

RESPONDA COM SUAS PALAVRAS

   1)      O que é trabalho?
   2)      Trabalho é tortura?
   3)      Defina consumismo.
 4)  Dê sua opinião sobre o Lazer na atualidade.



segunda-feira, 1 de junho de 2020

ATIVIDADE PARA AS TURMAS DE FILOSOFIA 2ano- Prof. Amaral

Leia o texto com atenção:
Foi por volta do ano de 355 que nasceu Hipátia, em Alexandria, no Egito. Filha de 
Theon, que era matemático, filósofo, astrônomo e um dos últimos diretores do 
Museu de Alexandria, ela decidiu seguir os caminhos do pai em busca do conhecimento. Mas isso lhe custou a vida: foi assassinada por defender o racionalismo científico grego (a do raciocínio como lógica de pensamento). Hoje,Hipátia é considerada a primeira mulher matemática que a humanidade tem 
registros. Conheça a sua história:

TEXTO
Educação e trabalho
Ela frequentou a Academia de Alexandria e, influenciada pelo pai, estudou astronomia, religião, poesia, artes e ciências exatas. Mais tarde, foi aluna de uma escola neoplatônica em Atenas, na Grécia, na qual as doutrinas seguiam aspectos espirituais e cosmológicos do pensamento de Platão, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da filosofia ocidental. Atuando na Matemática, Hipátia desenvolveu estudos sobre a aritmética de Diofanto de Alexandria, matemático grego do século 3 a.C., considerado o pai da álgebra. Segundo estudiosos, Hipátia pretendia unificar as ideias de Diofanto com o neoplatonismo.
Hipátia ainda desenvolveu trabalhos de Ciências exatas e Medicina. Quando retornou ao Egito, tornou-se professora de Matemática e Filosofia. Com seu pai, 
Theon, lançou comentários sobre os Elementos de Euclides – que são 13 livros 
sobre geometria, álgebra e aritmética, escritos pelo matemático grego Euclides.
Posteriormente, virou diretora da Academia de Alexandria. Ela também analisou os conceitos matemáticos da obra As Cônicas, escrita por Apolônio de Tiana, filósofo e professor grego. De acordo com historiadores, ela tornou o documento mais acessível e fácil de ser entendido.
Reconhecimento
Poucas contribuições de Hipátia foram preservadas, pois muitos de seus projetos 
foram perdidos durante a destruição da Biblioteca de Alexandria, que teria ocorrido no século VI. Um de seus alunos, Sinésio de Cirene, declarou que ela construiu um astrolábio (instrumento naval), um hidrômetro e um higroscópico (material que absorve água). Hipátia também foi professora de Matemática para aristocratas pagãos e cristãos. O livro brasileiro “A História de Hipátia e de Muitas Outras Matemáticas”, descreve que sua inteligência a levou a ser conselheira de Orestes, que fora seu aluno e depois foi prefeito do Império Romano no Oriente. "A natureza especial de Hipátia, tratando todos os seus alunos igualmente, sendo educada, tolerante e racional, desencadeou uma série de ciúmes que resultaram em inimizades", aponta a obra.

Perseguição
Por defender o racionalismo científico e a matemática, foi acusada de blasfêmia e sentimentos anticristãos. Ela, no entanto, nunca declarou ser avessa ao cristianismo. Na verdade, Hipátia dava aulas para pessoas de diversas crenças religiosas. Uma emboscada tirou a sua vida. Há diferentes versões que contam seu assassinato; a mais aceita é a do historiador inglês Edward Gibbon na obra O Declínio e a Queda do Império Romano, publicada em seis volumes entre 1776 e 1778. Ele narra que, em uma manhã da Quaresma em 415, Hipátia foi atacada na rua. Ela estava voltando para casa em uma carruagem e pessoas lhe arrancaram os cabelos, as roupas, os braços e as pernas. Depois, o resto de seu corpo foi queimado.

Legado
Hipátia nunca se casou e não teve filhos. Como a sua morte foi muito violenta, declarou-se então que havia chegado ao fim o período antigo da matemática grega. 
Por ter ousado a ser professora em uma época na qual as mulheres não podiam fazer quase nada, muito menos ter acesso ao conhecimento, sua trajetória torna-se uma inspiração até hoje.

Disponível em: 
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/08/conheca-
hipatia-de-alexandria-primeira-mulher-matematica-da-historia.html. Acesso em: 
11 maio 2020.

Após a leitura do texto, responda às questões propostas: 
a) Como você avalia a importância de Hipátia no campo do conhecimento? Dê sua opinião e use informações do texto para reforçá-la.
b) Quanto ao pouco reconhecimento das contribuições de Hipátia, o que você 
colocaria como motivos para isso? O fato de ser uma mulher teria contribuído?
c) Hipátia foi acusada de blasfêmia e sentimento anticristão; por isso, foi levada a uma morte brutal, inadmissível em nossos tempos. Entretanto, ainda hoje existe muita intolerância religiosa. A partir do exemplo do que ocorreu com a filósofa, 
escreva um texto alertando as pessoas para o absurdo da intolerância religiosa em nossos tempos.

ROTINA DE ESTUDOS E ATIVIDADES PARA ESTUDANTES/ 2 série

ATIVIDADE PARA AS TURMAS DE 1° ANO- PROF. AMARAL

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

O texto a seguir foi extraído de um artigo do filósofo brasileiro Renato Janine Ribeiro (1949-), professor de Ética e Filosofia polícia.

Em Filosofia não se pode dizer que um sistema de pensamento seja refutado, superado ou substituído. Evidentemente, isso ocorrerá se o sistema for mal elaborado. Mas, daquelas dezenas de grandes ou melhores sistemas filosóficos de que dispomos, ao longo de 2.500 anos, não cabe dizer que nenhum tenha sido refutado, superado ou substituído. Cada um desses sistemas — se partirmos de suas regras próprias, dos postulados e da sintaxe que estabeleceram para a dedução e a derivação de suas proposições — tem uma coerência que não pode ser desmentida.[...] se eu tomar, por exemplo, Descartes, se, como ele, partir da dúvida metódica, que culmina em duvidar de tudo que há no mundo, e assim seguir o seu itinerário, não caberá refutá-lo. Posso, está claro, discordar. Posso, por exemplo, dizer que a opção cartesiana depõe excessiva ênfase no indivíduo, no eu que examina a si próprio. Posso até articular isso com determinado momento histórico, de avanço do individualismo, do capitalismo [...]. Posso [...] ligar a Filosofia cartesiana à dominação sobre o mundo e à construção da tecnologia, uma vez que Descartes — como seu contemporâneo Francis Bacon — pretende que a ciência faça de nós senhores e donos do mundo. Todas estas críticas posso emitir. [...] Mas nada disso significa uma refutação do sistema, porque este subsiste: tem seus pontos de partida, tem sua sintaxe, ou suas regras de derivação ou colocação em seqüência das proposições.

Já isto distingue a Filosofia e as ciências. De um modo ou outro, elas têm alguma crença, ainda que mitigada, em alguma forma de progresso. Pode ser o caso das ciências ditas exatas, que vão deletando os "erros do passado", e das quais a imagem que se tem é mais do seu último resultado [...] . 
[...]

Em suma, há na Filosofia novos sistemas que surgem, mas esses sistemas não implicam que um sistema anterior tenha sido refutado. Então, há uma espécie de validade, digamos, epistemológica, ou simplesmente simultânea, de todos os sistemas. Isso traz certas conseqüências, e alguns problemas sérios. Por exemplo, para nós a história de nossa disciplina se reveste de uma importância que para nenhuma ciência terá a respectiva história. Considero importante, nas ciências humanas, estudar-se a própria história. Mas na Filosofia isso é decisivo. O risco é óbvio: transformar-nos em sacerdotes de tal ou qual filósofo. E passarmos a vida cultuando tal autor.[...] Mas, salvo esse excesso indesejável, há validade na freqüentação dos clássicos, por continuarem contribuindo para a compreensão das coisas do mundo.

Questões
1 . Procure em um dicionário o significado das palavras do texto que você desconhece. Releia o texto e verifique se sua compreensão do texto mudou.

2 . Para Renato Janine Ribeiro, qual é a importância do estudo da história da Filosofia? E qual é o risco?

3 . Leia a última frase do texto. Você concorda com a afirmação do autor ou discorda ? Por quê?

Vasconcelos, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano : filosofia: ensino médio,volume único/José Antônio Vasconcelos. 1. ed. - São Paulo: Edições SM,2016. - (Reflexões : filosofia e cotidiano). p. 81.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Atividade do 1° ano- Professor Amaral

ATIVIDADE DE FILOSOFIA PARA AS TURMAS DE 1°ANO- PROFESSOR AMARAL 

Pesquisar o Mito da Caverna/ Alegoria da Caverna e copiar no caderno o que você entendeu.

Atividade 2° Ano- Professor Amaral

* Após a leitura dos textos, que seguem, elabore um texto sobre a situação do negro no Brasil  pós escravidão.


No dia 14 de maio, eu saí por aí
Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
Levando a senzala na alma, eu subi a favela
Pensando em um dia descer, mas eu nunca desci

Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia
Um dia com fome, no outro sem o que comer
Sem nome, sem identidade, sem fotografia
O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver No dia 14 de maio, ninguém me deu bola
Eu tive que ser bom de bola pra sobreviver
Nenhuma lição, não havia lugar na escola
Pensaram que poderiam me fazer perder

Mas minha alma resiste, meu corpo é de luta
Eu sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu
A coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa
Eu sou o que sou, pois agora eu sei quem sou eu

Será que deu pra entender a mensagem?
Se ligue no Ilê Aiyê
Se ligue no Ilê Aiyê
Agora que você me vê

Repare como é belo
Êh, nosso povo lindo
Repare que é o maior prazer
Bom pra mim, bom pra você
Estou de olho aberto
Olha moço, fique esperto
Que eu não sou menino.




https://m.letras.mus.br/lazzo-matumbi/14-de-maio/





Segunda-feira, 13 de maio de 2019
13 de maio: Não há o que se comemorar, mas há o que refletir e exigir

Neste 13 de maio, ao invés da princesa, pensemos em Luiz Gama, André Rebouças, José do Patrocínio e tantos negros e negras que lutaram por sua libertação.

Por Luanda Julião



Hoje é 13 de maio. Há 131 anos o Brasil assinava a lei Áurea, oficializando a libertação dos escravos.

Lembro que durante a minha infância, na década de 1980, quando eu ainda frequentava a quarta série numa escola pública, eu e minha turma apresentamos uma pequena encenação sobre a abolição dos escravos. É claro que nessa pequena peça a figura engrandecida era a da princesa Isabel. Todas as meninas brancas da minha sala queriam encenar o papel da princesa. E é claro que a garota que tinha a pele mais clara ficava com o papel. Os escravos apareciam como coadjuvantes e não como protagonistas da sua própria alforria. Para o papel dos escravos não havia briga ou discordância. Pelo contrário, a maioria das alunas e alunos pretos e pardos resistiam em representá-los. 

A peça foi apresentada e com ela aprendemos que uma princesa benevolente, generosa, libertou os negros escravizados no Brasil. Era assim também que os livros didáticos nos ensinavam. Não havia uma reflexão crítica sobre a data, nenhuma menção à resistência do Brasil como o último país a libertar os seus escravos, nenhuma referência à Inglaterra, que exigiu e forçou a libertação dos homens e mulheres escravizados, pois era-lhe muito mais rentável trabalhadores assalariados e livres. Sem dúvidas, a escola nos expunha um único discurso: o da elite branca.

Essas encenações unilaterais perseveraram no decorrer dos meus anos escolares. E durante muito tempo nada mudou. As alunas brancas disputavam o papel da princesa. Eu e os outros alunos pretos e pardos encenávamos os escravos libertados. E como sempre, um silêncio pesava sobre a luta da população negra, sobre a sua resistência diante do sistema colonialista e imperial.





O que ficava escancarado nessa encenação toda era a ideia de que uma princesa branca havia nos feito um favor. No entanto, sabemos muito bem que não há como falar do Brasil sem falar da importância dos negros (e também dos índios) para a construção desse país. Digo isso hoje, porque muitos anos se passaram para que eu finalmente pudesse compreender que os materiais didáticos da escola introjetavam em mim e nos outros alunos uma imagem preconceituosa e depreciativa sobre os povos e culturas não oriundos do mundo ocidental, pois nos doze anos de minha educação básica, não houve discussão ou debate sobre a importância dos negros (e dos índios) na construção da identidade brasileira.

Hoje sabemos que a narrativa historiográfica foi delineada por um discurso que sempre colocou o branco como herói e o negro como vilão. Por isso que eu acho importante falar sobre o 13 de maio, principalmente nas escolas. Não como uma data para se reverenciar uma princesa ou comemorar algo que na prática não se efetivou de fato: a real cidadania dos negros e negras brasileiros.

Falar no dia 13 de maio é importante para tirarmos os holofotes da princesa e destacarmos a luz, o brilho e a importância de Luiz Gama, André Rebouças, José do Patrocínio e tantos outros homens e mulheres, negros e negras que foram ofuscados e silenciados pelo racismo e machismo dos registros historiográficos.

Hoje olho para o 13 de maio como uma data para emergirmos o protagonismo dos negro em sua própria libertação, pois não se deve esquecer que muito antes de 13 de maio de 1888, a população negra já organizava movimentos de resistência. Entre esses podemos citar as rebeliões nas senzalas, a formação dos quilombos, a revolta dos Malês, a Balaiada, a Sabinada, a Cabanagem. Os negros protagonizaram também a primeira tentativa de independência nesse país, através da formação do Quilombo de Palmares, um estado organizado e independente que durante mais de cem anos manteve-se firme diante dos ataques do colonialismo.

13 de maio é uma data que serve também para relembrarmos que há muito o que lutar, pois embora a lei Áurea tenha oficialmente extinguido a escravidão, ela se eximiu de incluir socialmente e economicamente os negros e negras, deixando-os à margem e à própria sorte. Por isso, não há o que se comemorar, pois a abolição no dia 13 de maio de 1888 não trouxe medidas e soluções eficientes para a integralização dos ex-escravos em nossa sociedade.

131 anos após a assinatura e oficialização da cidadania dos negros e negras, muitos ainda hoje se encontram em condições desiguais em relação à população branca.

13 de maio é portanto uma data para denunciarmos o racismo, a pobreza, a falta de oportunidades e trabalho, a disparidade entre brancos e negros, pois ainda somos minoria no ensino superior, no magistrado, em cargos de liderança, na política, na publicidade, na literatura, no cinema e na ciência. A data serve para relembrarmos que é preciso continuar lutando pela inclusão social e econômica neste país que hoje concentra o maior número de população negra fora do continente africano.

https://www.justificando.com/2019/05/13/13-de-maio-nao-ha-o-que-se-comemorar-mas-ha-o-que-refletir-e-exigir/

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Atividade - 2° Ano- Professor Amaral

Do ponto à loucura
MARCELO GLEISER


O ponto não existe. Apenas a ideia dele, que, na verdade, é apenas uma das várias abstrações que fazem parte da estrutura conceitual da geometria. Por não ter dimensão, o ponto não ocupa lugar no espaço e, paradoxalmente, é a entidade fundamental da geometria, a área da matemática que estuda as propriedades de objetos no espaço.
Como sabemos, a menor distância entre dois pontos, pelo menos no plano, é um segmento de reta. Mas uma reta, por definição, não tem espessura, pois, se tivesse, ela seria um retângulo bem comprido -um objeto em duas dimensões- e não uma linha. A conclusão é simples: a reta, que não existe por não ter espessura, liga dois pontos que também não existem! Essa conclusão é apenas aparente; ao transformar uma idealização em realidade, somos necessariamente levados a comprometer a "pureza" da ideia.
O grande filósofo grego Platão, que viveu aproximadamente de 428 a.C. a 348 a.C., via o mundo dos sentidos com grande suspeita. Para ele, a representação de um círculo jamais será tão perfeita quando a ideia do círculo que habita a mente. Quando o leitor imagina um círculo, imediatamente um círculo perfeito aparece em algum lugar de sua mente. Já quando o leitor desenha esse círculo, ou seja, quando tenta representar essa idealização concretamente em um pedaço de papel, a perfeição vai embora. Por mais perfeito que seja o desenho, o compasso ou a impressora a laser, o desenho de um círculo jamais será perfeito como a ideia de um círculo. Só há perfeição das figuras geométricas no mundo das ideias.
Platão ilustrou sua filosofia com a "alegoria da caverna". Imagine, disse ele, vários escravos em uma caverna, acorrentados de forma a poder olhar apenas para a parede à sua frente. (A "democracia" grega não só aceitava a escravidão, como excluía os escravos da participação política.) Atrás dos escravos, filósofos da Academia de Platão preparavam uma fogueira e manipulavam objetos, cujas sombras eram projetadas na parede vista pelos escravos. Os filósofos pediam aos escravos para descrever imagens projetadas na parede. (Adaptação livre da ideia de Platão.)
O ponto crucial do argumento é que os objetos, cujas sombras eram projetadas, eram figuras geométricas "perfeitas", como o círculo ou o quadrado. No entanto, tudo o que os escravos viam eram sombras imperfeitas, distorções dos objetos originais. A conclusão de Platão é que o mundo dos sentidos não reproduz a perfeição do mundo das ideias, apenas se aproxima dela.
Ao tentarmos reproduzir, através de construções geométricas e equações matemáticas, a realidade do mundo natural, estaremos sempre no papel dos escravos, conscientes das perfeições abstratas e das imperfeições concretas. Nossa percepção sensorial do mundo será sempre limitada, e nossa representação também. O curioso é que o mundo que "está lá fora" é representado "aqui dentro", ou seja, dentro de nossas mentes. Temos duas realidades coexistindo dentro de nossas mentes: uma realidade abstrata, relacionada com o mundo das ideias, construída de "dentro para fora", e uma realidade concreta, construída de "fora para dentro".
Em uma mente sadia, essas duas realidades coexistem e se complementam, uma inspirando e reforçando a existência da outra. Quando essas duas realidades entram em choque, as fronteiras do que é real e do que é imaginado se confundem. Coisas que pertencem ao mundo das ideias se tornam "reais" e coisas "reais" se transformam em idealizações…


  • O texto busca discutir a relação entre aquilo que é real e o que é imaginário/ilusão. Redija um texto respondendo a dúvida de René Descartes no início de sua obra Meditações: Existe algo que seja tão evidente que não possa ser questionado ?

           ( Adaptação do módulo de Filosofia COC- sistema de ensino)