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segunda-feira, 13 de abril de 2020





3º A, B,C,D e AI

O SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS HUMANAS





“AS CIÊNCIAS HUMANAS Com Copérnico, o homem deixou de estar no centro do universo. Com Darwin, o homem deixou de ser o centro do reino animal. Com Marx, o homem deixou de ser o centro da história (que, aliás, não possui um centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de si mesmo”. (Eduardo Prado Coelho)

Esta citação aparece no prefácio de Estruturalismo; antologia de textos teóricos. Lisboa, Portugália Ed. p. XXXVIII. Refere-se a uma análise feita por Freud e retomada por Foucault e Althusser.
Filosofando introdução à filosofia editora moderna Maria Lúcia de Arruda Aranha Professora da Escola Nossa Senhora das Graças (São Paulo) MARIA HELENA PIRES MARTINS Professora da Escola de Comunicação e Artes da USP 2ª edição revista e atualizada.

Introdução
1. A partir do século XVII dá-se o desenvolvimento das ciências da natureza (física, química, biologia), com a aplicação do método experimental. Estabelecido o ideal de cientificidade, ou seja, aceitos os princípios da experimentação e da matematização como fundamentais para o método científico, como ficam as aspirações das ciências humanas de se constituírem como tal? Ora, quando estudamos Descartes (Teoria do conhecimento na Idade Moderna), vimos que o seu pensamento desemboca no dualismo psicofísico. Se você se lembra bem, para Descartes o homem é constituído por duas substâncias: uma de natureza espiritual, a substância pensante (a res cogitans), e outra de natureza material, a substância extensa (a res extensa). Só esta última pode ser objeto das ciências da natureza, que mecanicamente explicam o funcionamento da "máquina" do corpo. Mas a substância pensante, lugar da liberdade, só poderia ser objeto da reflexão filosófica. Vimos também que a corrente empirista, representada por Locke e derivada do pensamento de Descartes, opunha-se ao racionalismo cartesiano, preocupando-se também com os processos mentais e corporais. Ao especularem a respeito da natureza dos mecanismos e processos fisiológicos que constituem a base de fenômenos como a percepção e a recordação, os empiristas estabelecem cem os antecedentes das pesquisas que serão feitas pela medicina do século XIX sobre o fundamento biológico dos fenômenos mentais. A influência empirista serve de fundamento à tendência naturalista que tem por objetivo adequar o método das ciências da natureza às ciências humanas. A esta se contrapõe a tendência humanista, que, preocupada com a especificidade dos fenômenos humanos, busca um método diferente daqueles usados até então. Mesmo que as ciências humanas tenham começado a surgir no final do século XIX, até hoje enfrentam problemas na tentativa de estabelecer o método adequado à compreensão do comportamento humano. Além disso, as ciências humanas encontram-se também diante de um novo conceito de homem, ferido em seu narcisismo. A epígrafe do capítulo refere-se ao tema clássico das "feridas narcísicas” levantadas pela primeira vez por Freud e objeto de reflexão do filósofo francês Michel Foucault. Se lembrarmos de que o Iluminismo exalta a razão humana como capaz de entender e dominar a natureza, compreende-se o profundo mal-estar expresso naquela afirmação inicial. O que se discute aí não é apenas o método das ciências humanas, mas o próprio conceito de ciência, que será questionado no nosso século. Vejamos os antecedentes desses problemas, desde o século XVII.
2. Dificuldades metodológicas das ciências humanas Enquanto todas as outras ciências têm como objeto algo que se encontra fora do sujeito cognoscente, as ciências humanas têm como objeto o próprio ser que conhece. Daí ser possível imaginar as dificuldades da economia, da sociologia, da psicologia, da geografia humana, da história para estudar com objetividade aquilo que diz respeito ao próprio homem tão diretamente.
Vejamos quais são as dificuldades enfrentadas pelas ciências humanas. A complexidade inerente aos fenômenos humanos sejam psíquicos, sociais ou econômicos, resiste às tentativas de simplificação. Em física, por exemplo, ao estudar as condições de pressão, volume e temperatura, é possível simplificar o fenômeno tornando constante um desses fatores. O comportamento humano, entretanto, resulta de múltiplas influências como hereditariedade, meio, impulsos, desejos, memória, bem como da ação da consciência e da vontade, o que o torna um fenômeno extremamente complexo. Para refletir:
Você
·       Já pensou o que significa avaliar a decisão de votos dos cidadãos numa eleição presidencial?
·       Já procurar explicar o fenômeno do linchamento ou da vaia?
·       Já examinou as causas que determinam a escolha da profissão?
Outra dificuldade da metodologia das ciências humanas encontra-se na experimentação. Isso não significa que ela seja impossível, mas é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos humanos. Além disso, a natureza artificial dos experimentos controlados em laboratório podem falsear os resultados. A motivação dos sujeitos também é variável, e as instruções do experimentador podem ser interpretadas de maneiras diferentes. Da mesma forma, a repetição do fenômeno altera os efeitos, pois nunca uma repetição se fará sem modificações, já que, para o homem, enquanto ser consciente e afetivo, a situação sempre será vivida de maneiras diferentes.
Certos experimentos oferecem restrições de caráter moral, já que não se pode submeter o ser humano, indiscriminadamente, a experiências que arrisquem sua integridade física, psíquica ou moral. Por exemplo:
         As reações de pânico num grupo de pessoas presas numa sala em chamas.
         As relações entre a superpopulação num condomínio;
         A variação do índice de violência...
 Só podem ser objeto de apreciação eventual, quando ocorrerem acidentes desse tipo. Jamais poderiam ser provocados. Também é preciso saber o que será observado: se o comportamento externo do indivíduo ou grupo, ou apenas o relato do que sentiram. Essa técnica, chamada introspecção (olhar para dentro), pode ser falseada pelo indivíduo voluntariamente, quando mente, ou involuntariamente, por motivos que precisariam ser detectados. Por isso, mesmo que a introspecção seja usada, há quem a considere uma abordagem inadequada. Outra questão refere-se à matematização. Se a passagem da física aristotélica para a física clássica de Galileu se deu pela transformação das qualidades em quantidades, pode-se concluir que a ciência será tão rigorosa quanto mais for matematizável. Ora, esse ideal é problemático com relação às ciências humanas, cujos fenômenos são essencialmente qualitativos. Por isso, quando é possível aplicar a matemática, são utilizadas técnicas estatísticas e os resultados são sempre aproximativos e sujeitos a interpretação. Resta ainda a dificuldade decorrente da subjetividade. As ciências da natureza aspiram à objetividade, que consiste na descentração do eu no processo de conhecer, na capacidade de lançar hipóteses verificáveis por todos, mediante instrumentos de controle; e na descentração das emoções e da própria subjetividade do cientista. Mas, se o sujeito que conhece é da mesma natureza do objeto conhecido, parece ser difícil a superação da subjetividade. Imagine como analisar o medo, sendo o próprio analista uma pessoa sujeita ao medo; ou interpretar a história, estando situado numa dada perspectiva histórica; ou analisar a família, fazendo parte de uma; ou ser economista, vivendo num sistema econômico e de um sistema econômico... Por fim, se a ciência supõe o determinismo - ou seja, o pressuposto de que na natureza tudo que existe tem uma causa como fica a questão da liberdade humana? Por haver regularidades na natureza, é possível estabelecer leis e por meio delas prever a incidência de um determinado fenômeno. Mas como isso seria possível, se admitíssemos a liberdade do homem? E caso ele esteja realmente submetido a determinismos, seria da mesma forma e intensidade que para os seres inertes? Tais dificuldades foram levantadas não com a intenção de mostrar que as ciências humanas são inviáveis, pois elas aí estão procurando o seu espaço. Quisemos apenas acentuar as diferenças de natureza e os problemas que têm encontrado até o momento. Veremos que a maneira de enfrentá-los tem determinado o tipo de metodologia que as caracteriza. Ou seja, o método utilizado depende de certa forma, dos pressupostos filosóficos que embasam a visão de mundo do cientista.
Vejamos as Tendência Naturalista:
O positivismo
A psicologia experimental
A psico física na Alemanha
A escola russa: Pavlov
A psicologia comportamentalista norte –americana

Tendência Humanista. A crítica ao positivismo:
A fenomenologia
A Gestalt e a fenomenologia A Gestalt (ou psicologia)
A psicanálise
Caixa de texto: ATIVIDADE


Pesquise as Tendências Naturalistas e Tendências Humanistas e separe no quadro comparativo abaixo:
a coisa (realidade objetiva) / uma consciência (doadora de sentido) -- fatos descritos em sua aparência sensório - motora e espirituais / valorização do vivido, dos conteúdos anímicos -- ênfase na natureza orgânica dos fenômenos psíquicos / o homem é um ser -no-mundo -- associacionismo / noção de estrutura (percepção do todo) -- atomismo (sensação, percepção, ideia) / totalidade (não é a soma dos elementos) -- mecanicismo (o comportamento se explica pela relação causa -efeito / todo comportamento existe num contexto que deve ser interpretado -- explicação legal (por leis) e quantitativa (matematizável) / compreensão- por tipo qualitativo ou modelos ideais -- aceitação só do que pode ser verificado experimentalmente / aceitação de pressupostos não -verificáveis experimentalmente (por exemplo, a hipótese do inconsciente) -- limitação do método das ciências da natureza / procura do método próprio das ciências do homem -- técnicas reflexológicas que alteram os sintomas / o "sintoma" é um "símbolo" (é preciso procurar o que ele significa)


Tendência Naturalista                                       Tendência Humanista





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